segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Os 50 anos do golpe: o que faremos sobre isso em 2014?


jango
BLOG O MURAL:  Via blog do tijolaço; por Miguel do Rosário: 
Em 2014, o Brasil viverá a mais dolorosa efeméride de sua história: 50 anos do golpe de Estado.
O que está sendo preparado pelo governo, pelos partidos, pelas organizações civis e pela mídia para que o passado não seja esquecido?
A coincidência com ano eleitoral, Copa do Mundo, e prováveis protestos de rua, nos dá a chance de forçarmos o Brasil a fazer o que até hoje nunca fez: politizar o debate sobre o golpe de 64. Por que ele aconteceu? Quem se beneficiou? Quem são os herdeiros do golpe?
Seria um belíssimo presente à democracia brasileira, por exemplo, se a Lei da Anistia fosse revista. Não para prender velhinhos, mas para darmos uma satisfação política a nós mesmos, enquanto povo.
Não se anistia tortura. Não se anistia golpe.
Sobretudo, é preciso lembrar à sociedade que o que vivemos não foi nenhuma “ditabranda”. Vivemos um período de ruptura democrática, truculento e sinistro, que abortou o sonho de milhões de brasileiros. O golpe serviu para ampliar a desigualdade de renda, achatar o salário dos trabalhadores, e esmagar as esperanças de setores organizados de construir um país mais justo.
Não há nada de brando no esmagamento do sonho de centenas de milhões de cidadãos e na violação da normalidade democrática, com a instalação de um regime militar de exceção que, paulatinamente, aniquilou todas as liberdades no país.
Não há nada de brando na ruptura brutal de toda uma série de estudos e pesquisas acadêmicas e científicas em curso no país, nas universidades, quase todas abandonadas por causa de uma repressão estúpida e paranóica.
O Brasil, especialmente a nossa juventude, precisa ser melhor informado sobre o que aconteceu. A ditadura trouxe corrupção, miséria e degradação institucional. A origem do sucateamento dos serviços públicos está na ditadura. O problema da corrupção política também tem raízes no período de exceção, porque era um tempo sem liberdade de imprensa, sem instituições de controle e com chefes políticos exercendo cargos administrativos importantes de maneira quase totalitária. Quem ousaria acusar o diretor de uma estatal de corrupção, sendo o mesmo um coronel ou general com poder de mandar prender o acusador por “subversão”?
Precisamos conhecer melhor a história da construção do golpe. Como ele foi gestado, como foi a campanha midiática que o preparou? As passeatas que antecederam o golpe também merecem ser objeto de mais estudo, até porque a mídia, a mesma mídia que apoiou o golpe, prossegue até hoje tentando organizar protestos “espontâneos” para derrubar forças populares.

sábado, 28 de dezembro de 2013

“Quanto menos desejos você tem, mais perto está dos deuses”: a atualidade de Sócrates


A Morte de Sócrates, por Jacques-Louis David
BLOG O MURAL: Via Diário do Centro do Mundo 
Sócrates é um formidável remédio contra a presunção. Quando você está se achando o rei do universo, quando você olha para o espelho e admira apaixonadamente o que vê, quando você começa a acreditar que é uma prova viva da existência de Deus, bem, é tempo de pensar em Sócrates. Maior de todos os filósofos, grande mestre de gênios como Platão e Aristóteles, ídolo de todos os pensadores relevantes que vieram depois dele pelos séculos afora, Sócrates pronunciou a maior frase contra a arrogância da história da humanidade: “Tudo o que sei é que nada sei”.
Sócrates (470-399 a.C.) mudou a história da filosofia. Deu a ela um inédito caráter prático, moral e ético. Com ele a filosofia se transformou como que num manual para tornar melhor a vida de todos nós. Para nos ajudar a enfrentar as adversidades. Para nos aprimorarmos interiormente. Pensador nenhum se igualou a ele, e no entanto Sócrates jamais escreveu um único livro. Suas idéias e atitudes foram transmitidas à humanidade sobretudo pelas obras de Platão, seu discípulo. Sócrates é o personagem principal dos textos de Platão (428-348 a.C.).
Ele reuniu um número extraordinário de virtudes. Tinha uma vida simples. “Quanto menos desejos você tem, mais perto está dos deuses”, disse ele. Sêneca, o estóico romano, escreveu com reverência que Sócrates não se deixava perturbar pelos bens materiais: desfrutava deles se os tinha. Abstinha-se deles sem sofrimento se os perdia. Foi corajoso na vida e na morte. Combateu em algumas guerras de Atenas, a cidade que o fez ser o gigante que foi e depois o matou. Recebeu condecoração por bravura. Há registros de resistência invulgar em seus dias de guerreiro: andava de pés descalços e sem casaco sob temperaturas baixíssimas.
Tinha além do mais senso de humor. “Case-se”, recomendava ele a todos. “Ou você encontra uma boa mulher e vira um homem feliz ou acha uma megera e se transforma num filósofo”. Xantipa, sua mulher, era reconhecidamente insuportável. Com ela teve três filhos.
Na maior parte da vida de Sócrates, Atenas estava em seus dias de esplendor. A Guerra do Peloponeso, em que Atenas foi derrotada por Esparta, selou a sorte de Sócrates. Atordoada, humilhada, a cidade procurou culpados por sua derrocada. Sócrates foi acusado de corromper a juventude com suas idéias. Um tribunal condenou-o a tomar cicuta. Seus discípulos armaram uma fuga, mas Sócrates recusou. Ele agiria como um covarde, e então seu exemplo não teria valor para a posteridade. Para ser Sócrates ele sabia que tinha que pegar o copo que seu carrasco lhe passaria e tragar seu conteúdo com gloriosa tranqüilidade.
A morte de Sócrates está registrada num clássico da literatura universal: Fedon, de Platão. Sócrates consolou os discípulos, devastados. Lembrou a um deles que tinha uma dívida que devia ser paga. Pediu instruções ao homem incumbido de dar-lhe veneno, para evitar problemas na execução. Pronunciou, prestes a tomar a cicuta, palavras que o jovem Platão tornaria eternas: “Chegou a hora de partir, vocês para a vida, eu para a morte. Qual dos dois destinos é melhor, só os deuses sabem”.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

BOFF: "SÓ O POBRE QUE SE ORGANIZA É QUE SE LIBERTA"

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Livro do Banco Mundial enaltece trajetória do SUS


BLOG O MURAL: Da ONU
O Sistema Único de Saúde do Brasil – conhecido como SUS – lançou os alicerces de um sistema de saúde melhor para o país, contribuindo para o bem-estar social e a melhoria da qualidade de vida da população, é o que afirma o livro “20 anos de Construção do SUS no Brasil”, recentemente lançado pelo Banco Mundial.
O livro busca analisar a trajetória do programa desde sua criação, destaca progressos trazidos pelo SUS e aponta que, com base nessa experiência e apesar de todas as dificuldades inerentes a um país em desenvolvimento, o Brasil é hoje referência internacional na área de saúde pública e exemplo para outros países que buscam sistemas mais igualitários de saúde.
Com a criação do SUS, o Brasil foi um dos primeiros e poucos países fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a prever na legislação o acesso universal aos serviços de saúde, reconhecendo a saúde como direito do cidadão e dever do Estado.
O livro destaca que os esforços para a ampliação dos gastos em saúde e de uma melhor alocação dos recursos federais e estaduais, privilegiando as áreas e populações mais pobres do país, contribuíram para uma forte ampliação do acesso da população aos serviços básicos de saúde, com importante impacto na redução da mortalidade.
Entre os desafios do SUS, o estudo identifica que o aporte de recursos à saúde precisa ser equacionado e que a capacidade gerencial do sistema ainda é um obstáculo importante. Além disso, há questões reconhecidas sobre as quais é preciso evoluir, como a melhora da qualidade e da coordenação do cuidado e a continuidade da expansão na cobertura da atenção primária.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Miruna é a minha personalidade do ano também.

BLOG O MURAL: O artigo abaixo, de minha autoria, foi publicado originalmente no site Carta Maior.
Com uma aluninha na Escola da Vila
Com uma aluninha na Escola da Vila
Miruna. Poucas pessoas me impressionaram tanto, em 2013, quanto Miruna, a filha de Genoino.
As circunstâncias revelam a pessoa, sabemos todos. E no drama de seu pai, perseguido implacavelmente por Joaquim Barbosa e defendido tibiamente pelo PT, Miruna se mostrou um colosso.
Quem haveria de supor que por trás de uma jovem mulher tão doce e tão delicada estava uma leoa? Sua ira santa passará para a história como um testemunho do suplício ignominioso imposto a um homem que dedicou sua vida à luta por um país socialmente justo.
O drama de Genoino tem extremos de caráter. De um lado, você tem Joaquim Barbosa, impiedoso, vingativo, um homem que parece se comprazer no sofrimento alheio.
Joaquim Barbosa é o antibrasileiro, a negação da índole generosa e cordial dos filhos do Brasil. É também, para lembrar um grande morto destes dias, o anti-Mandela. Joaquim Barbosa promove a discórdia, e Mandela personificou a concórdia. Barbosa é um deslumbrado, um alpinista social. Mandela conservou a simplicidade sempre, mesmo quando já era claro que fora um dos maiores homens de seu tempo.
A Joaquim Barbosa, no caso de Genoino, se contrapõe Miruna. Se ele é um exemplo negativo para os brasileiros, ela é o oposto. Miruna representa o que há de melhor no caráter humano: a paixão pela justiça, a perseverança na defesa de seus ideais, a devoção filial, a capacidade de se indignar diante de absurdos.
Num plano maior, o que estamos vendo nas ações de Joaquim Barbosa e de Miruna em torno de Genoino é o enfrentamento entre duas forças antagônicas.
Barbosa tem o poder. Miruna tem a verdade. Barbosa é o ódio. Miruna é o amor. Neste tipo de luta, o veredito costuma ser dado pelo tempo. Ainda que o poder prevaleça momentaneamente, a verdade se impõe com o correr dos longos dias.
Miruna é, também, uma lembrança doída da falta de combatividade do PT. É um embaraço para o partido que a voz que se ergueu valentemente contra a perseguição cruel a Genoino seja a de Miruna, e não a de seus líderes.
A prioridade um, dois e três do PT é a reeleição de Dilma, e com isso Genoino foi posto de lado. Talvez só seja efetivamente lembrado em caso de morte.
Miruna tem razão em dizer que sente vergonha do seu país. Os inimigos massacram seu pai. Os amigos se calam, ou emitem balbucios irrelevantes.
Numa perspectiva histórica, falta ao PT o que sobrou em Hugo Chávez e sobra em Cristina Kirchner: a coragem de quebrar muros e, com eles, resistências ao avanço social.
Chávez retirou a concessão de uma emissora que patrocinou uma tentativa de golpe contra ele. Kirchner não descansou enquanto não colocou de joelhos o grupo Clarín, obrigado enfim, depois de anos, a abrir mão de seu monopólio.
No Brasil do PT, a Globo segue impávida – recebeu 6 bilhões de reais em verbas publicitárias estatais nos últimos dez anos — e com ela os três ou quatro grupos que controlam a mídia brasileira.
É nesse universo que Miruna combate seu combate – numa solidão desesperadora que a história registrará como um dos mais lindos momentos de um tempo sob tantos aspectos frustrante.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Lá no Brasil invisível


BLOG O MURAL: Em uma viagem pelo interior mais pobrezinho do Nordeste, este jornalista deu com uma cena que então parecia meio exótica. Crianças alimentadas, numa barulheira alegre, lotavam um ônibus escolar amarelo como aqueles de filme americano, mas estalando de novo.


De onde saíra aquilo? Na lataria, estava escrito: "Programa Caminho da Escola - Governo Federal". O jornalista confessa com vergonha que até este ano jamais ouvira falar do "Caminho da Escola". Além do mais, tende a desconfiar de que alguns desses programas com nomes marqueteiros sejam ficções, que existam apenas naquelas cerimônias cafonas de anúncios oficiais.
O "Caminho da Escola", porém, financiou quase 26 mil ônibus desde 2009, em mais de 4.700 cidades. Digamos que os ônibus carreguem 40 crianças cada um (deve ser mais). Dá mais de 1 milhão de crianças. Conhecendo a falta de dinheiro e as distâncias das escolas nos fundões do país, isso faz uma diferença enorme.
Daqui do centro rico de São Paulo, o Brasil, esse país longínquo, e muitas ações do governo parecem invisíveis. Quase ninguém "daqui" dá muita bola para programas populares dos governos do PT até que o povo miúdo apareça satisfeito em pesquisas eleitorais.
Juntos, tais programas afetam a vida de dezenas de milhões de pessoas, tanto faz a qualidade dessas políticas, umas melhores, outras nem tanto, embora nenhuma delas seja nem de longe tão ruim quanto a política econômica.
Quem "daqui" conhece o Programa Crescer (Programa Nacional de Microcrédito)? Existia desde 2005, foi reformado por Dilma Rousseff em 2011, quando passou a contar com crédito direcionado e juro baixo, ora negativo (5%, abaixo da inflação).
O Crescer já financiou o negociozinho de 3,5 milhões de pessoas, um terço delas recipientes de Bolsa Família. Tem uma versão rural, mais antiga, mas vitaminada nos governos do PT, o Pronaf, que ofereceu crédito a juro real ainda mais baixo a 2,2 milhões de agricultores pequenos na safra 2012/13.
O Pronatec já é mais falado, mas pouco conhecido (até mesmo pelo governo, que só agora começou a fazer uma avaliação de resultados). Irmão mais novo e em geral grátis do universitário Prouni, trata-se de um conjunto variadíssimo de ações que procura oferecer cursos profissionalizantes e técnicos (ensino médio).
Desde sua criação, foram mais de 5 milhões de matrículas (há evidências esparsas de grande evasão, de uns 20%, mas ainda falta estatística séria). A maioria das vagas é reservada para os mais deserdados dos brasileiros.
Reportagem desta Folha mostrou que os 13 mil médicos do Mais Médicos devem estar ao alcance de cerca de 46 milhões de pessoas no ano que vem. Não é uma política ampla de saúde, está claro. Mas, outra vez, vai resolver muito problema de muita gente deserdada desta terra.
O Minha Casa, Minha Vida já entregou 1,32 milhão de casas; tem mais 1,6 milhão contratadas. Beneficia 4,6 milhões de pessoas.
Junte-se a isso tudo as já manjadas transferências sociais, em dinheiro, crescentes em valor e cobertura. É muita gente "de lá" beneficiada. Goste-se ou não do conjunto da obra, o efeito social e político é enorme.
A gente "daqui" precisa visitar mais o Brasil.

Vinicius Torres Freire Vinicius Torres Freire está na Folha desde 1991. Foi secretário de Redação, editor de 'Dinheiro', 'Opinião', 'Ciência', 'Educação' e correspondente em Paris. Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve de terça a sexta e aos domingos

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O que muita gente não sabe sobre o chamado “caso do mensalão”

BLOG O MURAL:  /Por 
Screen Shot 2013-12-11 at 1.48.01 PMConfiram abaixo algumas das respostas que integram a revista “Verdade – Nada mais do que a verdade sobre a Ação Penal 470″, do deputado João Paulo Cunha. A publicação está disponível neste link.

Sobre o contrato de publicidade da Câmara dos Deputados
ACUSAÇÃO: O ministro-relator do STF, Joaquim Barbosa, afirma, no seu voto condenatório, que o Deputado João Paulo Cunha decidiu contratar uma agência de publicidade para a Câmara dos Deputados. Esta afirmação é correta?
A VERDADE: Não! Pois a Câmara dos Deputados já mantinha, desde o ano 2001, um contrato de publicidade com a agência Denison. Esse contrato foi assinado pela administração anterior do presidente Aécio Neves. Em 26 de Dezembro de 2002, esse contrato foi prorrogado. Portanto, quando João Paulo tomou posse, na presidência da Câmara, em fevereiro de 2003, o contrato de publicidade estava em vigor e em plena vigência.

ACUSAÇÃO: O ministro Joaquim Barbosa conduz as acusações para induzir que foi o Deputado João Paulo Cunha quem assinou o contrato de publicidade da Camara dos Deputados. Esse contrato foi assinado pelo Deputado João Paulo Cunha?
A VERDADE: Não! O contrato foi assinado pela própria administração da Camara dos Deputados, representada pelo seu Diretor Geral. O Edital para a licitação foi aprovado pelo núcleo jurídico da Assessoria Técnica da Diretoria Geral.

ACUSAÇÃO: O ministro Joaquim Barbosa afirma que este contrato de publicidade em nada benefíciou a Câmara dos Deputados. Isso procede? Quais benefícios foram proporcionados ao legislativo?
A VERDADE: A afirmação demonstra desconhecimento do relator pela não leitura dos autos, ou pura maldade! Os benefícios são diversos. O Jornal da Câmara passou por uma completa reforma gráfica e editorial que é mantida até hoje. A TV Câmara ganhou nova estrutura, sendo completamente renovada, incluindo auditório, programas, vinhetas, cenários, trilhas sonoras, que permanecem sendo utilizadas até hoje. Foram desenvolvidas, campanhas e programas de visita monitorada às instalações da Câmara dos Deputados, criou-se o novo Portal da Câmara, o serviço 0800, o Site Plenarinho, para a participação do público infanto-juvenil. Pela primeira vez na história da Câmara todos os contratos e relatórios de viagem foram expostos na internet, com total transparência. Todas essas ações foram reconhecidas com a conquista de diversos prêmios, inclusive internacionais.

ACUSAÇÃO: O ministro-relator acionou a Policia Federal (PF) para analisar a licitação e a execução do contrato. Qual o resultado produzido pela Polícia Federal?
A VERDADE: Laudo pericial de exame contábil do instituto Nacional de Criminalistica, órgão da Polícia Federal, constatou que os serviços contratados foram efetivamente executados. Concluíram que o contrato previa cláusulas que garantiam a execução da forma como foi realizado. Esse laudo afirma que a tercerização dos serviços foi real, ocorrendo em conformidade com a legislação vigente (pg 12 da revista). Que a tercerição é da rotina operacional dos contratos firmados entre os orgãos públicos e as agências de publicidade (pg 15). O contrato admitia tercerização de serviços (pg 17). E que os gastos com veiculação correspondem a 65,53% do contrato (pg 19).
Observe a situação contraditória que a maioria do STF criou. O único item que o laudo da PF questiona, os serviços prestados pela IFT, o Supremo considerou regular e absolveu o Deputado João Paulo. Por outro lado, todos os outros serviços contratados pela Camara, foram atestados pelo laudo da Polícia Federal, como efetivamente executados. Entretanto a maioria do Supremo ignorou este laudo da PF para condenar.

ACUSAÇÃO: Quem solicitou a auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) no contrato de publicidade na Câmara?
A VERDADE: Foi o próprio Deputado João Paulo Cunha, no dia 5 de julho de 2005. O pedido foi formalizado ao TCU por meio do então presidente da Câmara Federal Severino Cavalcanti. Abaixo, estão os documentos comprobatórios: o pedido de auditoria feito pelo Deputado João Paulo Cunha ao Presidente da Câmara e a solicitação deste ao TCU.

50 mil reais
ACUSAÇÃO: O ministro-relator afirmou que o Deputado João Paulo Cunha “negou ter recebido qualquer quantia”, mas, depois “mudou sua versão inicial”. A afirmação do ministro-relator é “a de que ela (Sra. Márcia, esposa do Deputado João Paulo Cunha) teria ido àquele banco (Rural) para pagar uma fatura de TV a cabo”. Houve então uma versão inicial que depois foi mudada?
Screen Shot 2013-12-11 at 1.03.43 PM
A VERDADE:
Não. Márcia Regina Milanesio Cunha era assinante da TVA. Na ocasião, o banco da compensação era o Rural. A única agência em Brasília era aquela. O valor da fatura do mês de setembro de 2003 veio diferente dos meses de agosto e outubro de 2003 (confira nos documentos ao lado). Esta pendência a própria TVA pediu para tentar solucionar em qualquer agência. E foi assim que a esposa de João Paulo Cunha “foi tentar resolver um problema na conta de TV a cabo”, conforme descrito em ofício enviado pelo deputado à CPMI dos Correios. Portanto, o deputado nunca disse que sua esposa Márcia foi “àquele banco pagar uma fatura de TV a cabo”, como afirma o ministro-relator, que não leu os autos e nem o ofício enviado por João Paulo Cunha à CPMI dos Correios, e repetiu o que ouviu por setores da imprensa. Neste ofício, João Paulo não mencionou esse dinheiro porque estava seguro que eram recursos do PT.


ACUSAÇÃO: Então, por que a Sra. Márcia foi buscar o dinheiro no Banco Rural?
A VERDADE:
O dinheiro solicitado a Delúbio Soares, (tesoureiro do PT Nacional) foi disponibilizado nessa agência. Márcia estava tão segura da correção e que os recursos eram do PT que se identificou, tirou cópia do documento e assinou o recibo. No depoimento de Delúbio Soares, fica confirmado que ele pediu a Marcos Valério para disponibilizar a quantia. No depoimento de Marcos Valério, confirma-se que ele recebeu e atendeu a um pedido de Delúbio. Ou seja, não há contradição nos depoimentos dos dois, que atestam que um pediu e o outro disponibilizou os recursos para as pesquisas.

ACUSAÇÃO: O ministro Relator desconsiderou a destinação dos recursos. O que foi feito com os 50 mil?
A VERDADE:
Esse dinheiro foi utilizado para pagar quatro pesquisas sobre a situação política nas seguintes cidades: Osasco, Carapicuíba, Cotia e Jandira. Confira ao lado, documentos que comprovam que os serviços foram executados, bem como a nota fiscal dos serviços prestados, e a declaração da empresa de pesquisa Datavale.

Compra de votos
ACUSAÇÃO: O relator afirma que houve compra de voto na Câmara dos Deputados. Houve?
A VERDADE:
Não! E o ministro-relator sofisma sobre isso, porque não pode provar. Ele apresenta três casos de votações que teriam sido contaminadas. Entre os quais a Reforma da Previdência e a Reforma Tributária. A verdade é que ambas foram aprovadas, igualmente como a Lei de Falências, com absoluta maioria, inclusive com boa parte da oposição votando favoravelmente. Graças a articulação e convencimento político.
Além de serem matérias de interesse do País, vale a pena verificar as votações e suas respectivas bancadas, da situação e da oposição que votaram a favor. Além disso, tanto a Reforma Tributária como a Previdenciária, antes da apreciação final no plenário, foram discutidas em Comissões Especiais. Essas Comissões tiveram comandos divididos entre oposição e situação. Na Previdência, o relator era o Deputado José Pimentel (PT-CE) e o presidente da Comissão Especial era o deputado Roberto Brandt (PFL-MG); e na Tributária, o presidente era o Deputado Mussa Demes (PFL-PI) e o relator, o Deputado Virgílio Guimarães (PT-MG).
Cliquem aqui para baixar a íntegra da publicação e conferir todas as respostas dada à sociedade brasileira pelo deputado João Paulo Cunha. Acompanhem, também, pela TV Câmara o discurso do parlamentar que vai acontecer depois do lançamento (programado para às 16h) da publicação.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um tucano sendo depenado por uma mulher....

BLOG O MURAL: Via Blog do Rovai.
O vídeo abaixo é uma resposta da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) a uma grosseria machista do deputado Duarte Nogueira, ruralista e líder da bancada do PSDB. Na ida do ministro José Eduardo Cardozo à Câmara dos Deputados para tratar do cartel que envolve o governo de São Paulo, Siemens e Alston, o tucano insinuou que Manuela teria referendado a fala de Cardozo porque, segundo ele, “o coração tem razões, que a própria razão desconhece”.
Ou seja, desqualificou a posição da deputada pelo fato de ela ser ex-namorada do ministro. Manuela foi a tribuna e fez um discurso histórico contra o machismo escroto de tipos como Duarte Nogueira. Foi algo semelhante ao troco dado por Dilma ao senador Agripino Maia, quando este disse que se Dilma mentia na ditadura também poderia estar mentido ali na Câmara em seu depoimento. É um vídeo para ser amplamente divulgado. O mínimo que se pode dizer  é que o deputado Duarte Nogueira foi depenado por uma mulher, jovem e corajosa. Para um tipo machista como ele, não deve ser nada fácil. Não deixe de assistir.





sábado, 7 de dezembro de 2013

Primo, ex-CEO da Siemens, afunda até os cabelos no escândalo

BLOG O MURAL:  


adilson2
  Autor: Fernando Brito. Figura marginal no noticiário sobre a investigação do pagamento de propinas a dirigentes dos governos tucanos nos negócios dos trens do Metrô, o ex-presidente da Siemens no Brasil, Adilson Primo, acaba de aparecer onde de fato está: no centro desta teia de interesses e negócios obscuros.
Mark Gough, um australiano que é subchefe da auditoria interna da matriz alemã disse, há um mês, em depoimento à Polícia Federal brasileira que  a conta secreta mantida pelo ex-presidente da empresa no Brasil, Adílson Primo, indicava a possibilidade de “pagamento de propinas a funcionários públicos” aqui.
Primo, por sua vez, disse, numa ação trabalhista que moveu contra a empresa, que não tinha conhecimento da conta.
Como a gente previu no sábado, vem muita coisa aí.
Enquanto Aécio Neves grita dizendo que a investigação está acontecendo por razões políticas, o Banco Mundial  - será uma instituição “esquerdista”? – pediu oficialmente às autoridades brasileiras acesso à  ”cópias de depoimentos e outros documentos”  da investigação do cartel dos trens para abrir apuração  interna da instituição sobre financiamentos que concedeu a projetos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Será que o PSDB também vai dizer que o Banco Mundial é petista?
E, assim como critica a mídia quando encobre os fatos, também tem de elogiar o excelente trabalho dos repórteres do Estadão, que estão obtendo e divulgando os documentos deste escândalo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O país dos absurdos


BLOG O MURAL: Via Blog do Mota.
Não sei se Tim Maia realmente falou isso, mas a frase é atribuída a ele: "Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita."

Seja como for, é uma sentença perfeita. Tim morreu em 1998, antes portanto de Lula ter assumido a presidência.
O país, depois dele, tem menos pobres, mas eles continuam de direita.

As prostitutas continuam a se apaixonar, os cafetões a ter ciúmes e os traficantes a se viciar.

"A coisa que eu mais odeio é a hipocrisia. É a mentira da mentira" - é outra frase atribuída ao extraordinário cantor, assim como essa:

"Eu não aguento mais a imprensa. Ela está mais preta do que marrom. Todo jornalista gostaria de ser artista, todo redator é aquele que não conseguiu ser escritor e todo mundo quer ser cantor."

Ou mais essa: "O Brasil é uma terra de mestiço pirado querendo ser puro-sangue."

Como é fácil perceber, não é à toa que os amigos chamavam Tim de "o Síndico" - a sua capacidade de perceber a "alma" do brasileiro era notável.

É verdade que, nos anos em que viveu, ele teve um farto material à sua disposição para dar, como se diz, asas à sua imaginação.

Nem tanto, porém, quanto teria hoje. 

Afinal, devem ser poucos os lugares do mundo em que o acusado de um crime tem de provar que é inocente; em que o presidente da mais alta corte judiciária compra imóvel em Miami em nome de empresa fantasma; em que a imprensa não acha importante noticiar a corrupção no governo no maior Estado e na maior cidade da federação; em que notórios contraventores ditam a pauta de reportagem da maior revista do país; em que delegados que desbaratam esquemas de crimes do colarinho branco viram réus da ação; em que procuradores públicos põem em gavetas erradas pedidos de investigação; em que senadores pedem esclarecimentos ao ministro da Justiça por ele ter mandado investigar criminosos.

Fatos como esses, acho, seriam demais até para um Tim Maia.
Para dar conta de tamanha tarefa ele teria de contar com a ajuda, em tempo integral, de outro brasileiro com faro único para descobrir e revelar a canalhice do brasileiro, o infatigável Stanislaw Ponte Preta, criador do imorredouro Festival de Besteiras que Assola o País, o Febeapá.

Que dupla!

E que país! 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mulheres trabalham mais do que homens. Mas as convencemos do contrário


 
BLOG O MURAL:  Via Blog do Sakamoto Todas as vezes que leio o blog dele e vejo suas referências as mulheres e a descriminação a elas fico a pensar com meus botões. Por que que não percebemos a nossa descriminação? Segue o texto abaixo: vale uma reflexão sobre o assunto.

 A violência de gênero não é monopólio de determinada classe social e nível de escolaridade. E não se manifesta apenas através da porrada, mas possui mecanismos mais sutis. Como mantê-las trabalhando mais e não reconhecer essa diferença. Pior, subverter o discurso em favor dos homens.
Um dado interessante da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta sexta (29) pelo IBGE: Homens trabalham fora de casa 42,1 horas/semana e as mulheres 36,1 horas/semana – em média. Mas eles se dedicam a 10 horas/semana a afazeres domésticos e elas 20,8. Na somatória, dá 52,1 horas/semana para eles e 56,9 horas/semana para elas.
O problema é que trabalho doméstico ainda não é considerado trabalho, mas sim obrigação, muitas vezes relacionado a um gênero que tem o dever de cuidar da casa. Dever este que não está no código genético da humanidade mas foi construído e imposto. E transformado em tradição e cultura, é abraçado como se mulher cuidar da casa e dos filhos fosse a coisa mais natural do mundo.
É sintomático, portanto, que apenas recentemente a Organização Internacional do Trabalho tenha conseguido aprovar uma convenção para igualar direitos para trabalhadoras domésticas em relação ao restante da sociedade. Ou que o Brasil ordenasse que fossem erguidas da xepa as trabalhadoras empregadas domésticas, garantindo a elas os mesmos direitos que o restante da população. O que levou, é claro, a lamúrios da Casa-Grande.
A questão da jornada tripla (trabalhadora, mãe e esposa) é apenas um elemento para corroborar o fato de que vivemos em uma sociedade com um pé no futuro e outro no passado. A qual todos nós pertencemos e, portanto, somos atores da perpetuação de suas bizarrices.
Discutimos muito sobre as mudanças estruturais pelas quais o país tem que passar, citando saúde, educação, transporte, segurança, mas muitos se esquecem que as mulheres que são maioria numérica e minoria em direitos efetivados.
Em cargo de chefia, elas têm que provar que são melhores do que os homens. Quando o ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner morreu, houve gente que perguntou se Cristina teria capacidade de tocar o governo sem os conselhos dele na cama. Fino.
Temos uma mulher na Presidência. Simbolicamente relevante, politicamente insuficiente, não serve para justificar nenhuma mudança estrutural. São poucas as governadoras, prefeitas, senadoras, deputadas, vereadoras. Mas também CEOs, executivas, gerentes, síndicas de condomínios. A Suprema Corte tem 11 assentos. Só dois deles pertencem a mulheres, infelizmente. Falta criar condições não apenas para que elas cheguem lá mas, chegando, sejam tratadas com o mesmo respeito que os homens. O que inclui a adoção de políticas corporativas específicas para a maternidade, garantindo que suas carreiras não sejam sepultadas ao saírem para terem filhos e a eles dedicarem cuidados nos primeiros meses, políticas que levem em consideração que o ser humano se reproduz.
Se homens tivessem ganhado útero no último século, certamente já teriam dado um jeito disso acontecer.
De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais: as mulheres continuam com menos acesso a cargos de direção do que os homens. Isso sem contar que, quando atingem esses postos, sua remuneração corresponde a 60% da masculina.
No jornalismo, que tem a função de levar essa mensagem adiante, a situação também é gritante. Na média, mulheres são maioria nas faculdade de comunicação e nas redações, mas não em cargos de alta chefia – muito menos entre os editorialistas, que redigem a opinião dos veículos de comunicação. As justificativas são várias, mas muitas acabam em algum machismo doido.
Em 2002, o ganho das mulheres era equivalente a 70% do rendimento dos homens. Dez anos depois, passou para 73%. Mas para quem tem 12 anos ou mais de estudo, a relação vai a 66%. Ou seja, neste caso, a desigualdade aumenta com a escolaridade.
Diante de constatações vergonhosas como essa, colocamos a culpa no processo de formação do Brasil, na herança do patriarcalismo português, nas imposições religiosas, no Jardim do Éden e por aí vai. É mais fácil atestar que somos frutos de algo, determinados pelo passado, do que tentar romper com uma inércia que mantém cidadãos de primeira classe (homens, ricos, brancos, heterossexuais) e segunda classe (mulheres, pobres, negras e índias, homossexuais etc).
É o que eu já disse aqui antes: todos nós, homens, somos sim inimigos até que sejamos devidamente educados para o contrário. E tendo em vista a formação que tivemos, é um longo caminho até alcançarmos um mínimo de decência para com o sexo oposto.